Caravaggio e “A decapitação de João Batista” (Sermão 071)

"Há imagens que nos ferem, outras que nos inspiram, e há aquelas que fazem as duas coisas ao mesmo tempo. A pintura “A decapitação de João Batista”, de Caravaggio, é uma dessas. Com suas sombras dramáticas, luz pontual e gritante, essa obra não apenas retrata um martírio: ela prega, denuncia e convoca.

Neste sermão, não contemplaremos apenas tal arte sacra, mas ouviremos um evangelho em silêncio, perceberemos um altar no cárcere, ouviremos um sangue que ainda fala. Cada pincelada de Caravaggio se torna uma pregação muda, cada sombra, uma advertência, cada raio de luz, uma revelação. João Batista, o precursor do Messias, não encerrou sua missão com uma de suas veementes pregações, mas com um gesto: a entrega incondicional à verdade, mesmo que isso tenha lhe custado a vida. Seu silêncio final foi, paradoxalmente, sua proclamação mais poderosa.

Esta mensagem é um convite à reflexão sobre coragem, fidelidade, covardia e glória. Que o Espírito Santo nos ajude a sermos, em nossos dias, o que João foi nos seus: vozes que não se calam diante do pecado, lâmpadas que não se apagam nas trevas, fiéis que não trocam a coroa eterna por aplausos passageiros.

Que Deus te abençoe rica e abundantemente com esta leitura."